segunda-feira, 25 de março de 2013

Arquitetura doméstica na África Romana IV



OUTRAS PARTES DA MORADIA


QUARTOS
 Os dormitórios se tratam de um dos espaços mais fechados da casa. A Corbin diz que o quarto é um templo da vida privada, espaço de intimidade construído como abismo no centro da esfera doméstica. É fácil notar a conotação sexual do local e por ser o lugar mais íntimo dos casais, é o lugar onde se transgride da forma mais violenta a moral dominante, o lugar de adultério, de incesto, de união fora do comum, cuja abertura a estranhos simboliza um deboche.
 A riqueza e a complexidade da arquitetura doméstica expressam-se com a presença de pessoas externas. O hábito de acolher viajantes, conhecidos e amigos obriga as casas nobres a dispor de quartos de hospedes.

CASAS DE BANHO
            Todos as cidades da África são equipadas de banhos públicos que ocupam um grande lugar na vida cotidiana dos habitantes e que compõem o quadro de atividades físicas e intelectuais. Era um lugar onde podia se obter diversas formas de sociabilidade.
            Verifica-se uma evolução e ao lado desses vastos monumentos  tendem a multiplicar-se as pequenas termas de bairro, que são mais acessíveis e adequadas a banhos mais rápidos.Depois da reuniões entre amigos, todos se dirigiam aos banhos mas ao invés de irem as grandes termas, procuravam os estabelecimentos menores de modo a protger o pudor de cada um.
          Com essa evolução na noção de pudor, vamos ver as termas privadas agora dentro das grandes residências. Esse fenômeno de privatização do banho marca a afirmação de um novo pudor, de uma nova relação com os ruídos e os odores corporais.








Patrícia Souza

segunda-feira, 18 de março de 2013

Arquitetura doméstica na África Romana III




 Salas de recepção a historia em seu uso privado

           


       As salas de recepção eram locais onde representavam um pedaço muito importante, elas representavam o luxo e refletiam a nobreza e riqueza de seu dono e sua família.
            Divididas e três vãos chamados de triclínio. As salas de refeições eram os aposentos mais vastos e luxuosos seus cerimoniais permitiam que o anfitrião manifesta-se sua fortuna e principio de vida, o triclínio é o lugar da casa onde o dono elabora e exibe sua imagem distinta.
            Assim como na arquitetura o luxo tinha que ser manifestado nos alimentos contidos na mesa, na África, por exemplo, o luxo da mesa estava associado ao peixe, em varias residências africanas haviam peixes vivos em uma piscina.
            Nas salas de refeições também havia uma organização hierárquica que serviam também para assegurar a coesão da família e de grupos heterogênios, pois os escravos podiam aproveitar os restos da mesa. O lugar que se ocupava indicava seu nível social sendo o da direita no leito central à posição do dono da casa, os servos especializados distribuíam os demais lugares.
            A religião também fazia parte de suas refeições, pois havia orações antes e depois de suas refeições.
            Nesse mesmo local onde havia todas essas confraternizações também ocorriam muitas divergências, pois esse local onde os convívios se exibiam é o mesmo onde reinava as proibições.


            Além das salas de refeições havia outro lugar privilegiado em que o dono da casa presidia as reuniões as êxedras, situada geralmente no centro das residências, possuía dimensões inferiores a da sala de reunião, mas que se distingue dos outros aposentos pela relativa amplidão e pelo largo vão que as comunica com o exterior e pelo cuidado na decoração. Praticamente todas as moradas nobres africanas possuíam uma êxedra, sendo um local onde o dono da casa podia se recolher longe da agitação da residência, onde tratava de negócios ou recebia amigos. Era um local essencialmente destinado a atividades culturais isso era refletido em sua decoração que se referia muitas vezes a atividades intelectuais.
            Algumas casas possuíam locais especificamente destinados às praticas cerimoniais ligadas à relação de dependência chamada de basílica privada. Na basílica privada havia uma entrada autônoma ela ocupava o essencial do lote adquirido.
            








ass.: Átila Felipe Sales Arruda

Arquitetura doméstica na África Romana II

                                                
                                                    PERISTILOS


    Também conhecido como tetrastoon (tetrastohon/τετράστῳον; "quatro arcadas").Visto superficialmente seria apenas um jardim interno localizado no centro de residências da elite romana mas a aparência muitas vezes esconde a complexidade de tais espaços.

peristilo em Bulla Regia

    Pátios que apesar de recorrentes na arquitetura romana da época não seguiam um padrão rígido, um ponto curioso a ser observado. Variando muito em área alguns dos mais vastos chegavam a ocupar 600 metros quadrados (caso da residência dos Laberii em Uthinia). A presença de água e vegetação era comum, mais que comum na verdade, peristilos de alguma importância sempre apresentavam fontes e tanques com água e bastante vegetação mas isso não excluía a existência de peristilos feitos apenas com uma função utilitária em mente, estes apresentavam piso de terra batida, poços e respiradouros de cisternas, algumas vezes exibiam um mosaico no piso e gravuras nas paredes fortalecendo a arquitetura e assim resumindo a natureza presente à vasos de plantas bem posicionados. Fontes e tanques como falado previamente eram elementos presentes e de importância, alguns de forma semi-circular apresentavam orifícios em suas bordas supostamente utilizados como encaixe de hastes para o suporte de parreiras, o que fortalece ainda mais estudos que indicam a tendência do jogo água/vegetação na decoração. Água era um elemento tão importante que algumas construções chegavam ao extremo, na casa de Castório, por exemplo, 4 tanques acompanham a forma dos pórticos e uma piscina ocupa o centro limitando muito o espaço destinado a circulação de pessoas. Na casa da pesca, em Bulla, a grande área de 530 metros quadrados destinada ao peristilo é ocupada quase que por completo por água, apenas 270 metros quadrados restam como espaço para passeio. Essas áreas eram muito bem ornamentadas nas residências mais abastadas, novamente com a temática natureza em mente já que muitas possuíam gravuras de animais e vegetação em suas colunas e paredes, colunas que eram, por sinal, outro elemento recorrente, tanto é que o nome "quatro arcadas" deriva das colunatas que marcavam a arquitetura desses pátios.

Casa dei Vettii (antes)
Casa dei Vettii (depois)
    A parte mais interessante dos peristilos porém, não se limita a estética e sim a função. Vários estudos foram feitos a fim de descobrir o uso mais predominante para essas áreas mas uma resposta definitiva ainda não foi encontrada.  A hipótese mais aceita hoje em dia é a que classifica peristilos como uma área para acolher visitantes, alguns fatores como o tamanho da área, a decoração ostentosa e a conexão direta entre o peristilo e o vestíbulo fortalecem esta idéia, o que mantém uma impressão dúbia em relação ao uso é o fato de que vários peristilos dão acesso direto a aposentos e salas de refeição que seriam, no caso, áreas íntimas da domus. Um exemplo claro seria a casa de Netuno, em Acholla, cujo ângulo noroeste do peristilo é ocupado por vários ambientes que incluem 2 salas de refeições e pelo que tudo indica, 3 quartos. Outros fatores acrescentam à complexidade do peristilo, na "casa dos quatro pilares", em Banasa, se encontra um altar com a passagem voltada ao jardim, outros casos mostram altares e até pequenas salas de oração situadas abaixo de pórticos ou até mesmo diretamente no pátio fortalecendo ainda mais a importância do ambiente e a ambiguidade quanto ao seu propósito.


Getty museum, L.A


    "O desaparecimento das casas com peristilos marca o fim do mundo antigo e seu modo de vida" - Simon P. Ellis



                           (Villa Kerylos, projeto que procura recriar uma domus)


http://en.wikipedia.org/wiki/Peristyle
http://www.villa-kerylos.com/en/home 
http://it.wikipedia.org/wiki/Casa_dei_Vettii
            
Jimmy Nogueira

Arquitetura doméstica na África Romana I

DIVISÃO DA DOMUS


Geralmente as moradias têm mais do que um acesso, mas existe sempre uma entrada principal a qual faz a ligação do exterior com o interior.
Para um roubo, a porta de entrada é o maior obstáculo sendo esta vencida  o sucesso da missão. A porta preserva a propriedade assim como a moral.


A entrada da casa é um lugar complexo, é sempre pensada a parte pelo construtor, pois ela deve ressaltar a importância do local e indicar a situação de riqueza do proprietário.
Entre as muitas entradas existentes, destacam-se duas: uma mais estreita para o uso diário dos moradores, e uma mais imponente e maior, que é utilizada quando o proprietário recebe outras pessoas, como em uma festa.
Após a entrada principal encontramos o vestíbulo que é um espaço de transição, que nos dará acesso aos aposentos. Nas casas ricas o vestíbulo de entrada é uma das maiores partes.
O vestíbulo se abre para o peristilo por um vão triplo, gerando três entradas. O vestíbulo central dá acesso a uma sala central, os dois vestíbulos laterais são como anexos do aposento central. Eles agregam tanques descobertos e se reduzem a uma área de passeio que permitem o acesso aos aposentos das extremidades. Essa simetria composta pelos vestíbulos se estende por todo o edifício.



LOCAIS PARA ATIVIDADES ECONÔMICAS NA DOMUS
A moradia integrada a uma loja pode ocorrer de duas formas: a família do proprietário mora na loja que uma vez fechada se transforma em moradia, ou a loja se distribui pelo vestíbulo funcionando de modo autônoma, tendo como entrada a entrada principal da casa, mas mantendo a privacidade da entrada menor.

PARTES LOCATIVAS DA DOMUS
A existência de aposentos independentes para serem alugados fica visível com a presença de escadas ligadas diretamente a rua.
A casa só alcança a rua por intermédio do vestíbulo, espécie de antena cercada de aposentos. Quando há aposentos destinados a locação o corredor do andar superior, não tem acesso ao pátio do peristilo a não ser por estreitas e altas janelas, preservando a intimidade de onde residiria a famíla do proprietário.











Patrícia Alves Souza