segunda-feira, 18 de março de 2013

Arquitetura doméstica na África Romana II

                                                
                                                    PERISTILOS


    Também conhecido como tetrastoon (tetrastohon/τετράστῳον; "quatro arcadas").Visto superficialmente seria apenas um jardim interno localizado no centro de residências da elite romana mas a aparência muitas vezes esconde a complexidade de tais espaços.

peristilo em Bulla Regia

    Pátios que apesar de recorrentes na arquitetura romana da época não seguiam um padrão rígido, um ponto curioso a ser observado. Variando muito em área alguns dos mais vastos chegavam a ocupar 600 metros quadrados (caso da residência dos Laberii em Uthinia). A presença de água e vegetação era comum, mais que comum na verdade, peristilos de alguma importância sempre apresentavam fontes e tanques com água e bastante vegetação mas isso não excluía a existência de peristilos feitos apenas com uma função utilitária em mente, estes apresentavam piso de terra batida, poços e respiradouros de cisternas, algumas vezes exibiam um mosaico no piso e gravuras nas paredes fortalecendo a arquitetura e assim resumindo a natureza presente à vasos de plantas bem posicionados. Fontes e tanques como falado previamente eram elementos presentes e de importância, alguns de forma semi-circular apresentavam orifícios em suas bordas supostamente utilizados como encaixe de hastes para o suporte de parreiras, o que fortalece ainda mais estudos que indicam a tendência do jogo água/vegetação na decoração. Água era um elemento tão importante que algumas construções chegavam ao extremo, na casa de Castório, por exemplo, 4 tanques acompanham a forma dos pórticos e uma piscina ocupa o centro limitando muito o espaço destinado a circulação de pessoas. Na casa da pesca, em Bulla, a grande área de 530 metros quadrados destinada ao peristilo é ocupada quase que por completo por água, apenas 270 metros quadrados restam como espaço para passeio. Essas áreas eram muito bem ornamentadas nas residências mais abastadas, novamente com a temática natureza em mente já que muitas possuíam gravuras de animais e vegetação em suas colunas e paredes, colunas que eram, por sinal, outro elemento recorrente, tanto é que o nome "quatro arcadas" deriva das colunatas que marcavam a arquitetura desses pátios.

Casa dei Vettii (antes)
Casa dei Vettii (depois)
    A parte mais interessante dos peristilos porém, não se limita a estética e sim a função. Vários estudos foram feitos a fim de descobrir o uso mais predominante para essas áreas mas uma resposta definitiva ainda não foi encontrada.  A hipótese mais aceita hoje em dia é a que classifica peristilos como uma área para acolher visitantes, alguns fatores como o tamanho da área, a decoração ostentosa e a conexão direta entre o peristilo e o vestíbulo fortalecem esta idéia, o que mantém uma impressão dúbia em relação ao uso é o fato de que vários peristilos dão acesso direto a aposentos e salas de refeição que seriam, no caso, áreas íntimas da domus. Um exemplo claro seria a casa de Netuno, em Acholla, cujo ângulo noroeste do peristilo é ocupado por vários ambientes que incluem 2 salas de refeições e pelo que tudo indica, 3 quartos. Outros fatores acrescentam à complexidade do peristilo, na "casa dos quatro pilares", em Banasa, se encontra um altar com a passagem voltada ao jardim, outros casos mostram altares e até pequenas salas de oração situadas abaixo de pórticos ou até mesmo diretamente no pátio fortalecendo ainda mais a importância do ambiente e a ambiguidade quanto ao seu propósito.


Getty museum, L.A


    "O desaparecimento das casas com peristilos marca o fim do mundo antigo e seu modo de vida" - Simon P. Ellis



                           (Villa Kerylos, projeto que procura recriar uma domus)


http://en.wikipedia.org/wiki/Peristyle
http://www.villa-kerylos.com/en/home 
http://it.wikipedia.org/wiki/Casa_dei_Vettii
            
Jimmy Nogueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário